Citação do dia


sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

SAGA

Na ilha de Vig, no mar do Norte, um rapaz chamado Hans admirava a tempestade que se estava formando naquele começo de tarde.
Hans morava com a sua família no interior da ilha.
Sören, seu pai, tinha tido dois irmãos mais novos, que morreram num naufrágio de um veleiro que lhe pertencia e depois disso diz-se que ficou a odiar o mar.
Mas Hans queria ser marinheiro não para seguir cardumes de peixes, mas sim para navegar até ao sul e viver aventuras apenas sonhadas.
No dia seguinte ao naufrágio do Elseneur, um dos melhores barcos de Vig, que matou toda a tripulação, Sören, após o jantar, disse a Hans que ele iria estudar para Copenhague. Quando Hans disse que queria ser marinheiro o seu pai saiu e nem sequer disse nada.
Em Agosto, vindo da Noruega, um cargueiro inglês chegou a Vig e  foi nele que Hans fugiu alistado como grumete. Navegaram para Sul, atravessaram tempestades e chegaram a uma bela cidade. Entre Hans e o capitão levantou-se uma disputa e Hans foi chicoteado em frente da tripulação. Nessa noite, Hans fugiu em segredo. Depois de vaguear 4 dias na cidade desconhecida, um homem chamado Hoyle encontrou-o e recolheu-o, trantando-o como seu filho adoptivo.
Hans continuava com o mesmo projecto: regressar a Vig como capitão de um navio e ser perdoado pelo pai.
Hans escrevia para casa, a contar as suas histórias. Mas o pai não o queria receber e não queria que ele voltasse.
Os anos passaram e Hans aprendeu a navegar e a comercializar, Hoyle nunca tinha casado, e via em Hans o seu herdeiro. Aos 21 anos Hans era capitão de um navio de Hoyle e  homem de confiança para os seus negócios.
Hoyle acabou por ficar doente e morreu. Hans herdou a sua fortuna e teve de abandonar, mais uma vez, o seu sonho para continuar os negócios.
Hans construiu uma fortuna pessoal e acabou por casar  com Ana que lhe lembrava as mulheres de Vig.
O seu primeiro filho, a quem pôs o nome de Sören, morreu com uma semana de vida.
Em Novembro do ano seguinte, Hans teve o seu segundo filho e escreveu aos pais, mas a resposta foi sempre a mesma.
Hans teve mais 3 rapazes e 2 raparigas e continuou a ficar mais rico.
Maria, mãe de Hans, faleceu e Hans quando escreveu ao pai, o mesmo não lhe respondeu, então, percebeu que jamais voltaria a Vig.
Hans comprou uma quinta  onde gostava de receber os seus amigos e viajantes que lhe contavam histórias dos quatro cantos do mundo.
Os anos passaram, agora com os filhos crescidos, Hans jantava à mesa com todos eles, Hans já não reconhecia o tempo, ele não se tinha apercebido, que os anos passaram e que ele já nem comparecia na sua própria vida.
Hans agora deitava-se tarde depois de todos se irem embora, no átrio relembrava todas as memórias que tinha desde Vig até onde agora está. Levantou-se e foi para dentro, entrando como um desconhecidoHans mandou construir uma torre para ver a saída e entrada dos barcos. Quando não lhe apetecia trabalhar no seu escritório era para lá que ia e levava e neta mais velha, Joana, ele ensinava-lhe varias coisas mas quando tinha de trabalhar punha Joana a desenhar mas ela não queria desenhar mais. Joana acabou por perguntar ao avô a razão pela qual ele nunca deixava de olhar o mar e ele respondeu que era por ali o caminho da sua casa.
Hans adoeceu no fim de Novembro, para morrer, as suas últimas palavras foram para dizer à mulher e aos filhos que pusessem um navio naufragado em cima da sua sepultura, e era nesse navio que Hans navegava até à sua ilha, Vig.


Rute Isabel - 5707
Ângela Duarte - 5705

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

HISTÓRIA DA GATA BORRALHEIRA
                          
Lúcia era uma jovem de dezoito anos e oriunda de uma família arruinada. A tia, sua madrinha, tinha-a convidado e tinha-lhe oferecido o vestido para um baile. Como a tia não lhe oferecera os sapatos e Lúcia não tinha posses para comprar uns novos, recuperou uns velhos e bolorentos que encontrou no sótão de sua casa.
Este era o seu primeiro baile, na primeira noite de Junho, numa casa grande e antiga, rodeada por um jardim.
Ao chegar, Lúcia, acompanhada pela tia, cumprimentou os donos da casa. Estes chamaram a filha que levou Lúcia para a sala de baile. Uma sala grande, cheia de gente, dançando. A filha da dona da casa apresentou Lúcia às amigas, mas estas ignoraram-na e deixaram-na sozinha.
Lúcia, querendo passar despercebida, refugiou-se num lugar escondido, de modo a não ser vista.
Ao olhar-se a um espelho, achou-se pálida. Decidiu ir ao quarto de vestir pôr mais rouge. Aí, ouviu um grupo de raparigas falar mal a seu respeito, o que a fez recuar e sair. Parou em frente a um outro espelho e achou-se ainda mais pálida. Inesperadamente, surgiu atrás de si uma das raparigas que estava no quarto de vestir. Aproximou-se e disse-lhe que o espelho onde Lúcia se observava não reflectia as imagens reais, era como as pessoas más que não dizem a verdade. Alertou-a ainda que os maus reflexos, os maus olhares e as más palavras pretendem apenas a perdição da alma. A rapariga foi-se embora, deixando Lúcia confusa e irritada por não perceber o sentido daquelas palavras.
Lúcia voltou para o seu refúgio na sala de baile. Contemplou o que estava em seu redor. Tudo a deslumbrava. Porém, o que mais invejava eram, sem dúvida, os vestidos que não podia possuir.
Já debruçada sobre a janela, viu aproximarem-se de si, a filha da dona da casa e um rapaz moreno com quem ficou a conversar. Este avisou Lúcia do quão importante é não nos despistarmos, distrairmos ou enganarmos nos momentos em que temos de fazer escolhas para a nossa vida.
O rapaz convidou Lúcia para dançar e ela, com alguma hesitação, acabou por o acompanhar. Sentia-se satisfeita por ter a atenção de alguém que, acima de tudo, pertencia ao mundo do poder e da riqueza onde ela tanto queria penetrar. A meio da dança, o sapato esquerdo escorregou-lhe do pé, pois era-lhe largo. Lúcia continuou a dançar e fingiu não se aperceber porque tinha vergonha da sua verdadeira identidade. Todos os convidados se interrogaram e comentavam de quem seria aquele sapato tão miserável.
Lúcia, não tendo coragem de encarar o rapaz por não saber se ele se tinha apercebido de que o sapato lhe pertencia, assim que a música acabou, saiu da sala. Perto da escada avistou um quarto pouco iluminado. Entrou e fechou a porta que era forrada de espelho de cima a baixo. Sentiu-se perseguida pelo seu próprio reflexo e procurou na sala um lugar onde se pudesse esconder dele. Mas em toda a parte o espelho a via. Lúcia olhou novamente à sua volta e descobriu uma porta que dava para a varanda.
Já na varanda, Lúcia reflectiu sobre tudo o que havia acontecido nessa noite. Começou a ponderar a hipótese de ir viver com a sua tia-madrinha, que no dia em que Lúcia fizera dezoito anos, lhe tinha feito tal proposta, assegurando que se a jovem escolhesse viver com ela, lhe daria tudo o que necessitasse. Lúcia acabou por aceitar e trocou a sua vida modesta e livre por uma vida de luxo e poder, prometendo ainda que um dia voltaria àquela casa com um vestido maravilhoso e uns sapatos bordados de brilhantes.
Iniciou-se então um novo capítulo na vida de Lúcia, onde tudo lhe era oferecido. À medida que os anos passavam, Lúcia ficava cada vez mais bela. A sua vida era repleta de riqueza, êxito e triunfo.
Vinte anos depois, Lúcia recebeu um convite para um baile no primeiro dia de Junho, na casa onde vinte anos antes tinha sido obrigada, pela sua ambição, a escolher um novo rumo para a sua vida. Ao ler o convite, relembrou-se da promessa que havia feito.
Assim que entrou na sala de baile, Lúcia deixou os restantes convidados perplexos. Estava deslumbrante usando os seus sapatos bordados de brilhantes.
Depois de dançar e de se mirar aos vários espelhos da casa, confirmando que estava magnífica, Lúcia decidiu voltar à sala onde vinte anos antes se fora esconder, depois de ter perdido o sapato roto e bolorento no meio da sala de baile. Ao entrar na pequena sala constatou, horrorizada, que a mesma imagem de há vinte anos atrás ainda se encontrava nos espelhos da sala.
Um homem que pareceu a Lúcia ter surgido do interior do espelho, conduziu-a até à varanda. Ordenou-lhe que lhe entregasse o seu sapato de brilhantes do pé esquerdo, dizendo-lhe que lhe devolveria o seu sapato velho para ela calçar. Lúcia recusou mas o homem insistiu, afirmando que enquanto muitos sofreram e foram abandonados, Lúcia teve uma vida maravilhosa e, por isso, aquele era o preço do mundo de riqueza que ela tinha escolhido.
No dia seguinte, pela manhã, foi encontrada morta. A causa fora uma síncope cardíaca, disseram os especialistas. No entanto, nunca houve explicação para Lúcia ter um sapato roto e bolorento calçado no seu pé esquerdo.

Beatriz Silva e Beatriz Gonçalves - 8ºC
VILA D'ARCOS

Vila d’Arcos é uma cidade montanhosa de província, situada a norte do país.

As suas ruas são empedradas e as casas nobres e proporcionadas.
É uma cidade antiga, parada no tempo, onde os carros gemem, em volta das ditas ruas, que são quase desertas, pois as poucas pessoas que lá há, recolhem-se nas suas casas.
Em Maio florescem as roseiras nos muros cobertos de musgo e crescem jardins imprevisíveis, mais subtis e complexos do que o imaginável. Estes são jardins perfumados de contemplação e paixão. Jardins onde se reconhece que a vida é um sonho, do qual jamais acordamos, e onde tudo se transforma em esquecimento, distância e detrito. Jardins onde reconhecemos que a nossa condição é não saber, e que jamais encontraremos a unidade, e encontrá-la, seria acordar.

Carolina Parra
8ºC

Histórias da terra e do mar

A CASA DO MAR
Havia uma casa construída numa duna que estava isolada de todas as outras, era feita de pedra e cal e estava virada para o mar. No andar de cima da fachada há três janelas e uma varanda com grades de madeira. No andar de baixo há três janelas e uma porta. A porta as janelas e as grades da varanda estão pintadas de verde. No chão, ao longo da parede, há um passeio que separa a casa da areia. Para além das dunas, a praia estende-se a todo o comprimento da costa e na areia observam-se búzios, conchas e outras coisas trazidas pelo mar. As traseiras da casa dão para um jardim inculto com um poço no meio e o chão está coberto de pequenas pedras soltas. A roupa lavada, seca ao sol presa num arame. O jardim é limitado por três muros e no fundo, há uma cancela que dá para uma rua deserta. Do lado poente do jardim, avista-se a sul uma cidade. E entre a casa e a cidade, estendem-se as dunas onde crescem os lírios selvagens.

Nas gavetas, a roupa cheira a maresia e os espelhos reflectem os dias. Os móveis são escuros e finos, o chão esfregado e as paredes caiadas.  Quem entra pelo lado de trás da casa, entra num corredor. À direita fica a cozinha. À esquerda da copa fica a sala de jantar que tem no meio uma mesa rodeada de cadeiras e pequenas cantoneiras nos cantos dos muros. No centro da mesa há uma fruteira. Da sala de jantar, passa-se para uma sala que dá directamente para um patamar ao pé da duna. Nesta sala, existem cadeiras de vime à volta de uma mesa e as paredes estão cobertas de fotografias. A parte de trás da casa forma um L que se prolonga numa ala formada por quatro quartos ao longo do corredor. No andar de cima só há quatro quartos. O quarto que fica ao cimo das escadas, á esquerda, é um quarto pequeno com uma cómoda e uma cama.  No fundo do corredor, no outro extremo desse andar, há um quarto grande e sombrio que está cheio de livros empilhados nas mesas e cadeiras. Esse quarto comunica com uma quarto pequeno e quadrado ocupado por um toucador que tem um espelho no centro. No pátio das traseiras estão dois perdigueiros que olham quando alguém chama. Entre o quarto do fundo e a escada fica o quarto que dá para a varanda de madeira verde onde há um divã, uma mesa, uma pequena cómoda com um espelho e um armário. Há na casa algo de rude e elementar que nenhuma riqueza mundana pode corromper, e apesar do seu isolamento na duna, a casa é um ponto de encontro.

Carlos Nunes
Francisco matos
8ºC