Mais um ano letivo que está a começar e lá vamos de novo: despertador a tocar bem cedo, preparar a mochila, rever amigos e professores, ir para a fila da cantina, a fila do bar, fazer o TPC, marcar testes, trabalhos de grupo, fichas de leitura, ... ufa! Mas que bom estarmos todos juntos!
Até breve!
Citação do dia
domingo, 11 de setembro de 2011
sexta-feira, 20 de maio de 2011
Almeida Garrett - Já ouviste falar?
Almeida Garrett é o autor do texto dramático "Falar Verdade a Mentir" que estamos a estudar neste momento. Para percebermos a sua obra importa conhecer o seu autor e a época em que viveu. Se Gil Vicente é considerado o pai do teatro português, Almeida Garrett é decerto aquele que o regenerou e lhe deu nova vida.
Algumas obras:
O Retrato de Vénus
Camões
Dona Branca
Adozinda
Um Auto de Gil Vicente
O Alfageme de Santarém
Romanceiro e Cancioneiro Geral
Frei Luís de Sousa
Flores sem fruto
Viagens na minha terra
Falar Verdade a Mentir
Folhas Caídas
CLICA Para saber +
João Baptista da Silva Leitão de Almeida Garrett nasceu no Porto a 4 de Fevereiro de 1799. Passou a sua infância em Gaia.Quando adolescente foi viver para os Açores, na Ilha Terceira, quando as tropas francesas de Napoleão Bonaparte invadiram Portugal. Em 1816, foi para Coimbra, onde acabou por se matricular no curso de Direito.
Almeida Garrett participou na revolução liberal de 1820, de seguida foi para o exílio na Inglaterra em 1823. Antes casou-se com uma muito jovem senhora Luísa Midosi, que tinha apenas 14 anos. Foi em Inglaterra que tomou contacto com o movimento romântico, descobrindo Shakespeare, Walter Scott e outros autores e visitando castelos feudais e ruínas de igrejas e abadias góticas, vivências que se reflectiriam na sua obra posterior.
Em 1824, partiu para França, onde escreveu o conhecido Camões (1825) e Dona Branca (1826) , poemas geralmente considerados como as primeiras obras da literatura romântica em Portugal.
Em Portugal exerceu cargos políticos, distinguindo-se nos anos 30 e 40 como um dos maiores oradores nacionais. Passos Manuel encarrega-o da restauração do teatro português, missão que leva a cabo criando, não só o Conservatório de Arte Dramática, mas igualmente a Inspecção-Geral dos Teatros e sobretudo o Teatro Nacional.
Mais do que construir um teatro, Garrett procurou sobretudo renovar a produção dramática nacional segundo os cânones já vigentes no estrangeiro.
Mais do que construir um teatro, Garrett procurou sobretudo renovar a produção dramática nacional segundo os cânones já vigentes no estrangeiro.
in, pt.Wikipedia.org (adaptado)
O Retrato de Vénus
Camões
Dona Branca
Adozinda
Um Auto de Gil Vicente
O Alfageme de Santarém
Romanceiro e Cancioneiro Geral
Frei Luís de Sousa
Flores sem fruto
Viagens na minha terra
Falar Verdade a Mentir
Folhas Caídas
CLICA Para saber +
quarta-feira, 18 de maio de 2011
domingo, 1 de maio de 2011
"Falar verdade a mentir" de Almeida Garrett
No passado dia 27 de abril, as turmas do 8º ano da ESAG assistiram à representação da peça " Falar verdade a mentir" de Almeida Garrett, no auditório da Biblioteca Municipal.
O Grupo de Teatro Sete Marés soube cativar o jovem público e, como sempre, esteve muito bem.
Os alunos apreciaram a interação com os actores, divertiram-se e, por certo, ficaram motivados para a leitura e estudo da obra.O Grupo de Teatro Sete Marés soube cativar o jovem público e, como sempre, esteve muito bem.
sábado, 30 de abril de 2011
Duas histórias às três pancadas
A turma do 9ºC orientada pela professora Elsa Giraldo, dedicou-se a um projecto de teatro em Área de Projecto e o resultado foi apresentado no Auditório da Biblioteca Municipal Gustavo Pinto Lopes em Torres Novas e também na Biblioteca de Riachos.
Os alunos dedicaram-se à encenação de duas histórias de António Torrado: "Olh´ó Passarinho" e "História de um papagaio" que representaram para crianças do 1º ciclo.
O trabalho foi muito bem recebido pelo nosso pequeno público que ficou a pedir por mais.
Os alunos dedicaram-se à encenação de duas histórias de António Torrado: "Olh´ó Passarinho" e "História de um papagaio" que representaram para crianças do 1º ciclo.
O trabalho foi muito bem recebido pelo nosso pequeno público que ficou a pedir por mais.
domingo, 27 de fevereiro de 2011
Sintra e "Os Maias"
Os alunos do 11º ano da ESAG partiram à descoberta da beleza natural de Sintra e aprenderam a reconhecer os espaços presentes na obra "Os Maias" através de um jogo de pista.
O dia estava magnífico.
" Era uma linda manhã muito fresca, toda azul e branca, sem uma nuvem, com um lindo sol que aquecia, e punha nas ruas, nas fachadas das casas, barras alegres de claridade dourada."
Os Maias, Cap.VIII,pp.219
"Só ao avistar o Paço descerrou os lábios:
- Sim senhor, tem cachet!
E foi o que mais lhe agradou - este maciço e silencioso palácio, sem florões e sem torres, patriarcalmente assentado entre o casario da vila, com as suas belas janelas manuelinas que lhe fazem um nobre semblante real, o vale aos pés, frondoso e fresco, e no alto as duas chaminés colossais, disformes, resumindo tudo, como se essa residência fosse toda ela uma cozinha talhada às proporções de uma gula de rei que cada dia come todo um reino."
Os Maias, Cap.VIII, pp.224
"Eram duas da tarde quando os dois amigos saíram enfim do hotel, a fazer esse passeio a Seteais - que desde Lisboa tentava tanto o maestro. Na praça, defronte das lojas vazias e silenciosas, cães vadios dormiam ao sol: através das grades da cadeia, os presos pediam esmola.(...)
Os Maias, Cap.VIII,pp.231
" De vez em quando aparecia um bocado da serra, com a sua muralha de ameias correndo sobre as penedias, ou via-se o Castelo da Pena, solitário, lá no alto.
"Defronte do hotel da Lawrence, Carlos retardou o passo, mostrou-o ao Gruges.
- Tem o ar mais simpático..."
(...) o maestro declarou que preferia estar ali, ouvindo correr a água, a ver monumentos caturras...
- Sintra não são pedras velhas, nem coisas góticas... Sintra é isto, uma pouca de água, um bocado de musgo... Isto é um paraíso!...
Os Maias, Cap.VIII, pp.233
" - Vejam vocês isto!- gritou o Cruges, que parara, esperando-os. - isto é sublime.
Era apenas um bocadito de estrada, apertada entre dois velhos muros cobertos de hera, assombreada por grandes árvores entrelaçadas, que lhe faziam um toldo de folhagem aberto à luz como uma renda: no chão tremiam manchas de sol: e, na frescura e no silêncio, uma água que se não via ia fugindo e cantando."
Os Maias, Cap.VIII, pp.236
" Mas ao chegar a Seteais, Cruges teve uma desilusão diante daquele vasto terreiro coberto de erva, com o palacete ao fundo, enxovalhado, de vidraças partidas, e erguendo pomposamente sobre o arco, em pleno céu, o seu grande escudo de armas."
(...) Iam ambos caminhando por uma das alamedas laterais, verde e fresca, de uma paz religiosa, como um claustro feito de folhagem."
Os Maias, Cap.VIII, pp.237
encontraram Carlos sentado num dos bancos de pedra, fumando pensativamente a sua cigarrette. (...) do vale subia uma frescura e um grande ar; e algures, em baixo, sentia-se um prantear de um repuxo."
Os Maias, Cap.VIII, pp238
"Cruges, no entanto, encostado ao parapeito, olhava a grande planície de lavoura que se estendia em baixo, rica e bem trabalhada, repartida em quadros verde-claros e verde-escuros, que lhe faziam lembrar um pano feito de remendos assim que ele tinha na mesa do seu quarto. Tiras brancas de estrada serpeavam pelo meio(...)
O mar ficava ao fundo, numa linha unida esbatida na tenuidade difusa da bruma azulada: e por cima arredondava-se um grande azul lustroso como um belo esmalte,(...)
Os Maias, Cap.VIII, pp.239
" -Agora Cruges, filho, repara tu naquela tela sublime.
O maestro embasbacou. No vão do arco, como dentro de uma pesada moldura de pedra, brilhava, à luz rica da tarde, um quadro maravilhoso, de uma composição quase fantástica, como a ilustração de uma bela novela de cavalaria e de amor. Era no primeiro plano o terreiro, deserto e verdejando (...) e emergindo abruptamente dessa copada linha de bosque assolhado, subia no pleno resplendor do dia, destacando vigorosamente num relevo nítido sobre o fundo do céu azul-claro, o cume airoso da serra, toda cor de violeta-escura, coroada pelo palácio da Pena, romântico e solitário no alto (...)"
Os Maias, Cap.VIII, pp.241
quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011
A Saga ilustrada
Depois de trabalhadas as sequências narrativas, os alunos ilustraram a história. Ficou lindo!Parabéns ao 8ºC.
sexta-feira, 28 de janeiro de 2011
SAGA
Na ilha de Vig, no mar do Norte, um rapaz chamado Hans admirava a tempestade que se estava formando naquele começo de tarde.
Hans morava com a sua família no interior da ilha.
Sören, seu pai, tinha tido dois irmãos mais novos, que morreram num naufrágio de um veleiro que lhe pertencia e depois disso diz-se que ficou a odiar o mar.
Mas Hans queria ser marinheiro não para seguir cardumes de peixes, mas sim para navegar até ao sul e viver aventuras apenas sonhadas.
No dia seguinte ao naufrágio do Elseneur, um dos melhores barcos de Vig, que matou toda a tripulação, Sören, após o jantar, disse a Hans que ele iria estudar para Copenhague. Quando Hans disse que queria ser marinheiro o seu pai saiu e nem sequer disse nada.
Em Agosto, vindo da Noruega, um cargueiro inglês chegou a Vig e foi nele que Hans fugiu alistado como grumete. Navegaram para Sul, atravessaram tempestades e chegaram a uma bela cidade. Entre Hans e o capitão levantou-se uma disputa e Hans foi chicoteado em frente da tripulação. Nessa noite, Hans fugiu em segredo. Depois de vaguear 4 dias na cidade desconhecida, um homem chamado Hoyle encontrou-o e recolheu-o, trantando-o como seu filho adoptivo.
Hans continuava com o mesmo projecto: regressar a Vig como capitão de um navio e ser perdoado pelo pai.
Hans escrevia para casa, a contar as suas histórias. Mas o pai não o queria receber e não queria que ele voltasse.
Os anos passaram e Hans aprendeu a navegar e a comercializar, Hoyle nunca tinha casado, e via em Hans o seu herdeiro. Aos 21 anos Hans era capitão de um navio de Hoyle e homem de confiança para os seus negócios.
Hoyle acabou por ficar doente e morreu. Hans herdou a sua fortuna e teve de abandonar, mais uma vez, o seu sonho para continuar os negócios.
Hans construiu uma fortuna pessoal e acabou por casar com Ana que lhe lembrava as mulheres de Vig.
O seu primeiro filho, a quem pôs o nome de Sören, morreu com uma semana de vida.
Em Novembro do ano seguinte, Hans teve o seu segundo filho e escreveu aos pais, mas a resposta foi sempre a mesma.
Hans teve mais 3 rapazes e 2 raparigas e continuou a ficar mais rico.
Maria, mãe de Hans, faleceu e Hans quando escreveu ao pai, o mesmo não lhe respondeu, então, percebeu que jamais voltaria a Vig.
Hans comprou uma quinta onde gostava de receber os seus amigos e viajantes que lhe contavam histórias dos quatro cantos do mundo.
Os anos passaram, agora com os filhos crescidos, Hans jantava à mesa com todos eles, Hans já não reconhecia o tempo, ele não se tinha apercebido, que os anos passaram e que ele já nem comparecia na sua própria vida.
Hans agora deitava-se tarde depois de todos se irem embora, no átrio relembrava todas as memórias que tinha desde Vig até onde agora está. Levantou-se e foi para dentro, entrando como um desconhecidoHans mandou construir uma torre para ver a saída e entrada dos barcos. Quando não lhe apetecia trabalhar no seu escritório era para lá que ia e levava e neta mais velha, Joana, ele ensinava-lhe varias coisas mas quando tinha de trabalhar punha Joana a desenhar mas ela não queria desenhar mais. Joana acabou por perguntar ao avô a razão pela qual ele nunca deixava de olhar o mar e ele respondeu que era por ali o caminho da sua casa.
Hans adoeceu no fim de Novembro, para morrer, as suas últimas palavras foram para dizer à mulher e aos filhos que pusessem um navio naufragado em cima da sua sepultura, e era nesse navio que Hans navegava até à sua ilha, Vig.
Rute Isabel - 5707
Ângela Duarte - 5705
Hans morava com a sua família no interior da ilha.
Sören, seu pai, tinha tido dois irmãos mais novos, que morreram num naufrágio de um veleiro que lhe pertencia e depois disso diz-se que ficou a odiar o mar.
Mas Hans queria ser marinheiro não para seguir cardumes de peixes, mas sim para navegar até ao sul e viver aventuras apenas sonhadas.
No dia seguinte ao naufrágio do Elseneur, um dos melhores barcos de Vig, que matou toda a tripulação, Sören, após o jantar, disse a Hans que ele iria estudar para Copenhague. Quando Hans disse que queria ser marinheiro o seu pai saiu e nem sequer disse nada.
Em Agosto, vindo da Noruega, um cargueiro inglês chegou a Vig e foi nele que Hans fugiu alistado como grumete. Navegaram para Sul, atravessaram tempestades e chegaram a uma bela cidade. Entre Hans e o capitão levantou-se uma disputa e Hans foi chicoteado em frente da tripulação. Nessa noite, Hans fugiu em segredo. Depois de vaguear 4 dias na cidade desconhecida, um homem chamado Hoyle encontrou-o e recolheu-o, trantando-o como seu filho adoptivo.
Hans continuava com o mesmo projecto: regressar a Vig como capitão de um navio e ser perdoado pelo pai.
Hans escrevia para casa, a contar as suas histórias. Mas o pai não o queria receber e não queria que ele voltasse.
Os anos passaram e Hans aprendeu a navegar e a comercializar, Hoyle nunca tinha casado, e via em Hans o seu herdeiro. Aos 21 anos Hans era capitão de um navio de Hoyle e homem de confiança para os seus negócios.
Hoyle acabou por ficar doente e morreu. Hans herdou a sua fortuna e teve de abandonar, mais uma vez, o seu sonho para continuar os negócios.
Hans construiu uma fortuna pessoal e acabou por casar com Ana que lhe lembrava as mulheres de Vig.
O seu primeiro filho, a quem pôs o nome de Sören, morreu com uma semana de vida.
Em Novembro do ano seguinte, Hans teve o seu segundo filho e escreveu aos pais, mas a resposta foi sempre a mesma.
Hans teve mais 3 rapazes e 2 raparigas e continuou a ficar mais rico.
Maria, mãe de Hans, faleceu e Hans quando escreveu ao pai, o mesmo não lhe respondeu, então, percebeu que jamais voltaria a Vig.
Hans comprou uma quinta onde gostava de receber os seus amigos e viajantes que lhe contavam histórias dos quatro cantos do mundo.
Os anos passaram, agora com os filhos crescidos, Hans jantava à mesa com todos eles, Hans já não reconhecia o tempo, ele não se tinha apercebido, que os anos passaram e que ele já nem comparecia na sua própria vida.
Hans agora deitava-se tarde depois de todos se irem embora, no átrio relembrava todas as memórias que tinha desde Vig até onde agora está. Levantou-se e foi para dentro, entrando como um desconhecidoHans mandou construir uma torre para ver a saída e entrada dos barcos. Quando não lhe apetecia trabalhar no seu escritório era para lá que ia e levava e neta mais velha, Joana, ele ensinava-lhe varias coisas mas quando tinha de trabalhar punha Joana a desenhar mas ela não queria desenhar mais. Joana acabou por perguntar ao avô a razão pela qual ele nunca deixava de olhar o mar e ele respondeu que era por ali o caminho da sua casa.
Hans adoeceu no fim de Novembro, para morrer, as suas últimas palavras foram para dizer à mulher e aos filhos que pusessem um navio naufragado em cima da sua sepultura, e era nesse navio que Hans navegava até à sua ilha, Vig.
Rute Isabel - 5707
Ângela Duarte - 5705
quarta-feira, 19 de janeiro de 2011
Lúcia era uma jovem de dezoito anos e oriunda de uma família arruinada. A tia, sua madrinha, tinha-a convidado e tinha-lhe oferecido o vestido para um baile. Como a tia não lhe oferecera os sapatos e Lúcia não tinha posses para comprar uns novos, recuperou uns velhos e bolorentos que encontrou no sótão de sua casa.
Este era o seu primeiro baile, na primeira noite de Junho, numa casa grande e antiga, rodeada por um jardim.
Ao chegar, Lúcia, acompanhada pela tia, cumprimentou os donos da casa. Estes chamaram a filha que levou Lúcia para a sala de baile. Uma sala grande, cheia de gente, dançando. A filha da dona da casa apresentou Lúcia às amigas, mas estas ignoraram-na e deixaram-na sozinha.
Lúcia, querendo passar despercebida, refugiou-se num lugar escondido, de modo a não ser vista.
Ao olhar-se a um espelho, achou-se pálida. Decidiu ir ao quarto de vestir pôr mais rouge. Aí, ouviu um grupo de raparigas falar mal a seu respeito, o que a fez recuar e sair. Parou em frente a um outro espelho e achou-se ainda mais pálida. Inesperadamente, surgiu atrás de si uma das raparigas que estava no quarto de vestir. Aproximou-se e disse-lhe que o espelho onde Lúcia se observava não reflectia as imagens reais, era como as pessoas más que não dizem a verdade. Alertou-a ainda que os maus reflexos, os maus olhares e as más palavras pretendem apenas a perdição da alma. A rapariga foi-se embora, deixando Lúcia confusa e irritada por não perceber o sentido daquelas palavras.
Lúcia voltou para o seu refúgio na sala de baile. Contemplou o que estava em seu redor. Tudo a deslumbrava. Porém, o que mais invejava eram, sem dúvida, os vestidos que não podia possuir.
Já debruçada sobre a janela, viu aproximarem-se de si, a filha da dona da casa e um rapaz moreno com quem ficou a conversar. Este avisou Lúcia do quão importante é não nos despistarmos, distrairmos ou enganarmos nos momentos em que temos de fazer escolhas para a nossa vida.
O rapaz convidou Lúcia para dançar e ela, com alguma hesitação, acabou por o acompanhar. Sentia-se satisfeita por ter a atenção de alguém que, acima de tudo, pertencia ao mundo do poder e da riqueza onde ela tanto queria penetrar. A meio da dança, o sapato esquerdo escorregou-lhe do pé, pois era-lhe largo. Lúcia continuou a dançar e fingiu não se aperceber porque tinha vergonha da sua verdadeira identidade. Todos os convidados se interrogaram e comentavam de quem seria aquele sapato tão miserável.
Lúcia, não tendo coragem de encarar o rapaz por não saber se ele se tinha apercebido de que o sapato lhe pertencia, assim que a música acabou, saiu da sala. Perto da escada avistou um quarto pouco iluminado. Entrou e fechou a porta que era forrada de espelho de cima a baixo. Sentiu-se perseguida pelo seu próprio reflexo e procurou na sala um lugar onde se pudesse esconder dele. Mas em toda a parte o espelho a via. Lúcia olhou novamente à sua volta e descobriu uma porta que dava para a varanda.
Já na varanda, Lúcia reflectiu sobre tudo o que havia acontecido nessa noite. Começou a ponderar a hipótese de ir viver com a sua tia-madrinha, que no dia em que Lúcia fizera dezoito anos, lhe tinha feito tal proposta, assegurando que se a jovem escolhesse viver com ela, lhe daria tudo o que necessitasse. Lúcia acabou por aceitar e trocou a sua vida modesta e livre por uma vida de luxo e poder, prometendo ainda que um dia voltaria àquela casa com um vestido maravilhoso e uns sapatos bordados de brilhantes.
Iniciou-se então um novo capítulo na vida de Lúcia, onde tudo lhe era oferecido. À medida que os anos passavam, Lúcia ficava cada vez mais bela. A sua vida era repleta de riqueza, êxito e triunfo.
Vinte anos depois, Lúcia recebeu um convite para um baile no primeiro dia de Junho, na casa onde vinte anos antes tinha sido obrigada, pela sua ambição, a escolher um novo rumo para a sua vida. Ao ler o convite, relembrou-se da promessa que havia feito.
Depois de dançar e de se mirar aos vários espelhos da casa, confirmando que estava magnífica, Lúcia decidiu voltar à sala onde vinte anos antes se fora esconder, depois de ter perdido o sapato roto e bolorento no meio da sala de baile. Ao entrar na pequena sala constatou, horrorizada, que a mesma imagem de há vinte anos atrás ainda se encontrava nos espelhos da sala.
Um homem que pareceu a Lúcia ter surgido do interior do espelho, conduziu-a até à varanda. Ordenou-lhe que lhe entregasse o seu sapato de brilhantes do pé esquerdo, dizendo-lhe que lhe devolveria o seu sapato velho para ela calçar. Lúcia recusou mas o homem insistiu, afirmando que enquanto muitos sofreram e foram abandonados, Lúcia teve uma vida maravilhosa e, por isso, aquele era o preço do mundo de riqueza que ela tinha escolhido.
No dia seguinte, pela manhã, foi encontrada morta. A causa fora uma síncope cardíaca, disseram os especialistas. No entanto, nunca houve explicação para Lúcia ter um sapato roto e bolorento calçado no seu pé esquerdo.
Beatriz Silva e Beatriz Gonçalves - 8ºC
Beatriz Silva e Beatriz Gonçalves - 8ºC
VILA D'ARCOS
Vila d’Arcos é uma cidade montanhosa de província, situada a norte do país.
As suas ruas são empedradas e as casas nobres e proporcionadas.
É uma cidade antiga, parada no tempo, onde os carros gemem, em volta das ditas ruas, que são quase desertas, pois as poucas pessoas que lá há, recolhem-se nas suas casas.
Em Maio florescem as roseiras nos muros cobertos de musgo e crescem jardins imprevisíveis, mais subtis e complexos do que o imaginável. Estes são jardins perfumados de contemplação e paixão. Jardins onde se reconhece que a vida é um sonho, do qual jamais acordamos, e onde tudo se transforma em esquecimento, distância e detrito. Jardins onde reconhecemos que a nossa condição é não saber, e que jamais encontraremos a unidade, e encontrá-la, seria acordar.
Carolina Parra
8ºC
Histórias da terra e do mar
A CASA DO MAR
Carlos Nunes
Francisco matos
8ºC
Havia uma casa construída numa duna que estava isolada de todas as outras, era feita de pedra e cal e estava virada para o mar. No andar de cima da fachada há três janelas e uma varanda com grades de madeira. No andar de baixo há três janelas e uma porta. A porta as janelas e as grades da varanda estão pintadas de verde. No chão, ao longo da parede, há um passeio que separa a casa da areia. Para além das dunas, a praia estende-se a todo o comprimento da costa e na areia observam-se búzios, conchas e outras coisas trazidas pelo mar. As traseiras da casa dão para um jardim inculto com um poço no meio e o chão está coberto de pequenas pedras soltas. A roupa lavada, seca ao sol presa num arame. O jardim é limitado por três muros e no fundo, há uma cancela que dá para uma rua deserta. Do lado poente do jardim, avista-se a sul uma cidade. E entre a casa e a cidade, estendem-se as dunas onde crescem os lírios selvagens.
Nas gavetas, a roupa cheira a maresia e os espelhos reflectem os dias. Os móveis são escuros e finos, o chão esfregado e as paredes caiadas. Quem entra pelo lado de trás da casa, entra num corredor. À direita fica a cozinha. À esquerda da copa fica a sala de jantar que tem no meio uma mesa rodeada de cadeiras e pequenas cantoneiras nos cantos dos muros. No centro da mesa há uma fruteira. Da sala de jantar, passa-se para uma sala que dá directamente para um patamar ao pé da duna. Nesta sala, existem cadeiras de vime à volta de uma mesa e as paredes estão cobertas de fotografias. A parte de trás da casa forma um L que se prolonga numa ala formada por quatro quartos ao longo do corredor. No andar de cima só há quatro quartos. O quarto que fica ao cimo das escadas, á esquerda, é um quarto pequeno com uma cómoda e uma cama. No fundo do corredor, no outro extremo desse andar, há um quarto grande e sombrio que está cheio de livros empilhados nas mesas e cadeiras. Esse quarto comunica com uma quarto pequeno e quadrado ocupado por um toucador que tem um espelho no centro. No pátio das traseiras estão dois perdigueiros que olham quando alguém chama. Entre o quarto do fundo e a escada fica o quarto que dá para a varanda de madeira verde onde há um divã, uma mesa, uma pequena cómoda com um espelho e um armário. Há na casa algo de rude e elementar que nenhuma riqueza mundana pode corromper, e apesar do seu isolamento na duna, a casa é um ponto de encontro.
Carlos Nunes
Francisco matos
8ºC
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